Aos que virão!

Quer queiramos ou não, os mitos alimentam os nossos sonhos e justificam a nossa existência.
Este blog reverencia os mitos deste nosso Cariri Encantado.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Ainda (e sempre) Karimay

Foto: Luiz Carlos Salatiel

Esta foto foi feita no último dia 5 de junho. Lembro bem, pois estava em casa, sozinho, e Salatiel ligou convidando (meio que convocando) para ir visitar Karimay. Era feriado, por conta do dia do Corpus Christi. Fomos, então, em comitiva, junto a Zé Flávio, Salatiel e Reginaldo Farias. Era um tranquilo final de tarde.

Na casa de Karimay, em Juazeiro, permanecemos um longo tempo. Na verdade, ficamos numa das dependências da sua casa: o seu ateliê, em meio dos seus quadros, que irradiavam cores enquanto Karimay irradiava vida, sabedoria e generosidade.

Esperava reencontrá-lo ainda em breve.

(...)

Abaixo, a postagem que fiz em seguida daquele último encontro:


Visitando Karimai

Quando um mestre se pronuncia tudo se aquieta. O sol do final de tarde torna-se mais brilhante. Aquele passarinho na mangueira do quintal canta mais bonito e altaneiro. O vento, quase sempre irritante, vira brisa suave. E a noite desce sem pressa e sem aquele breu assustador.

Esta foi a sensação que se apoderou de mim e, com certeza, de todos os que estavam comigo – Salatiel, Zé Flávio e Reginaldo – na visita ao mestre Luiz Karimai. Foi neste final de tarde de feriado de Corpus Christi. Salatiel me ligou convidando pra visitar Luiz Karimai, que anda um pouco adoentado (ah, essas intempéries da vida). Fomos, pois, no carro de Zé Flávio. Destino: rua João Henrique Brasileiro, 596, Tiradentes, Juazeiro do Norte. Lá mora um mestre. Ou melhor, o mestre Karimai. Lá funciona o seu ateliê de vida e de sabedoria. “Lá o Tsé manifesta”. Lá o tempo pára esperando que a pressa se canse. O tempo é uma ampulheta nas mãos do mestre.

Salatiel levou umas oferendas: uma camiseta da copa e um estojo de lápis colorido. Zé Flávio, como um bom mecenas, escolheu “dois karimais”, retirando-os da parede como quem pega, naturalmente, dois pacotes de arroz integral da prateleira. Eu tentei fechar os olhos pra tão-somente ouvir o mestre falando. Karimai falou sem parar. Mas falou sem pressa, pausadamente e com o coração latente.

O cérebro do “japinha” é genial, como bem observou Zé Flávio, já na volta. Quem pouco falou foi Reginaldo (mas esse é discípulo e discípulo pouco fala).

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