Aos que virão!

Quer queiramos ou não, os mitos alimentam os nossos sonhos e justificam a nossa existência.
Este blog reverencia os mitos deste nosso Cariri Encantado.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Tudofel: Colégio Diocesano, 8 "A"

Tudofel: Colégio Diocesano, 8 "A":   E m 1978 passei para a 8ª série "A", apesar do rigor metodológico e matemático do professor William. Fiquei na mesma turma de Vice...

Tudofel: Colégio Diocesano do Crato

Tudofel: Colégio Diocesano do Crato: O Colégio Diocesano era uma referência em educação básica do interior nordestino. Meio secular, tinha recentemente comemorado o marc...

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Tudofel: Our sweet George

Tudofel: Our sweet George: Há exatos 11 anos era uma sexta-feira. Tinha acordado com uma baita ressaca e fiquei em casa, gravando umas fitas cassetes com uns d...

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Tudofel: Soy loco por ti, Bananeiras!

Tudofel: Soy loco por ti, Bananeiras!: A minha cidade do coração é Craterdam. Só que Cratedam não é uma cidade real. Ela é ideal. Das cidades reais, o Crato, minha cidade...

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Tudofel: A passagem do médico-revolucionário Hass Sobrinho ...

Tudofel: A passagem do médico-revolucionário Hass Sobrinho ...: Em novembro de 2008, juntamente com meu irmão Armando e meu cunhado Zé Bento, fiz uma viagem ao sudoeste do Maranhão e  à Araguaína, no T...

sábado, 24 de novembro de 2012

Tudofel: Menina real

Tudofel: Menina real: O dia estava mais quente ainda. Teresina, afinal. 1994. Maternidade Evangelina Rosa. Portanto duas rosas a receberam na luz deste...

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Tudofel: As 'pérolas' da Rolling Stone

Tudofel: As 'pérolas' da Rolling Stone: Somente agora tive acesso à revista Rolling Stone de outubro, edição especial de seis anos de aniversário da versão em português. Cap...

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Tudofel: Janinha ou Joplin?

Tudofel: Janinha ou Joplin?: Geraldo Urano, poeta maior, escreveu um verso, em um poema em prosa intitulado Craterdã (foi a primeira vez que ele citou esse ne...

Tudofel: A Turma do Parque

Tudofel: A Turma do Parque: 1983, como diz um chavão, foi um ano de graça. Foi quando lançamos o jornal Folha de Piqui e retomamos o Salão de Outubro. Foi quan...

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Tudofel: Seu Jefferson e o Sítio Fundão

Tudofel: Seu Jefferson e o Sítio Fundão: Quebradas era como a gente se referia a alguns locais que costumávamos frequentar em bando . A denominação por si é sugestiva, indic...

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Tudofel: Arqueologia do vinil

Tudofel: Arqueologia do vinil: Sou do tempo do disco do vinil ou do LP, como assim se abreviava o termo Long Playing da mesma forma se abrevia hoje Compact Disc par...

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Tudofel: Escutando a maioria silenciosa

Tudofel: Escutando a maioria silenciosa: Tinha acabado de comprar a biografia de Keith Richards – Vida – e ainda estava nas primeiras páginas quando entrei despretensiosament...

Tudofel: Os Brilhos e mistérios de Don Tronxo

Tudofel: Os Brilhos e mistérios de Don Tronxo: Don Tronxo, cujo nome de batismo é João Fernando, é uma dessas lendas urbanas. Nasceu em João Pessoa, mas cedo se radicou nas swingin...

sábado, 3 de novembro de 2012

Tá chegando a hora. Agendem-se!




Lenine abre 14ª Mostra Sesc Cariri de Culturas

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   Seg, 29 de Outubro de 2012 16:00
Lenine / Foto: Hugo Prata 
“Isso é só o começo” – canção que abre e fecha o novo show de Lenine, intitulado Chão, dá o tom perfeito à nova fase da turnê. Desde março deste ano, o espetáculo foi visto em mais de 20 cidades brasileiras, passando também por Chile, Argentina e Uruguai. No dia 8 de novembro, o cantor estreia no Crato apresentando a turnê, na abertura da 14ª Mostra Sesc Cariri de Culturas. O show acontece na RFFSA, às 22h, e é aberto ao público.

Em junho, foi a vez do lançamento europeu, com apresentações em Paris, Toulouse, Milão e Vienne. De volta ao Brasil, Chão recomeça seu giro nacional por Paraty, abrindo a décima edição da FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty.


Com direção musical do próprio Lenine, em parceria com Bruno Giorgi e JR Tostoi, o show tem em cena os três num espaço repleto de instrumentos e equipamentos eletrônicos, responsáveis por reproduzir os ruídos orgânicos que permeiam nove das dez faixas do disco, como “Chão” (Lenine / Lula Queiroga), “Envergo mas não quebro” e “Isso é só o começo” (Lenine/Carlos Rennó).

Juntos, Lenine, Bruno e JR Tostoi ainda têm a incumbência de transpor os sucessos do compositor – indispensáveis – para essa nova atmosfera. “Jack Soul Brasileiro”, “Leão do Norte” (Lenine/Paulo César Pinheiro) e Paciência (Lenine/DuduFalcão) são alguns deles.

Paulo Pederneiras, diretor de arte do espetáculo, criou um cenário em tons vermelhos, que ocupa apenas o chão da caixa cênica, em contraste com o entorno totalmente negro.  Três lâmpadas simples, uma sobre cada um dos músicos, compõem a cena. À equipe de Paulo somam-se Fernando Maculan e Gabriel Pederneiras.
Lenine / Foto: Beto Figueiroa
Lenine / Foto: Beto Figueiroa

Para Lenine, levar Chão ao palco é mais do que simplesmente tocar as canções do álbum. A ideia é ambientar o espaço com os sons como o canto do canário belga Frederico VI, o ruído ensurdecedor das cigarras no verão da Urca, a agoniada derrubada de uma árvore por uma motos serra, entre outros.

Chão, produzido e tocado por Bruno Giorgi, JR Tostoi e por Lenine, é o décimo álbum de carreira do cantor e compositor. Numa evidente opção estética – instigada pelo canto de um pássaro, que invadiu a gravação de uma das faixas - o trabalho revela-se “eletrônico, orgânico e concreto”, com dez músicas inéditas, imersas na delicada intimidade de ruídos sem edição.

“No início, havia apenas a palavra e meu principal significado de chão: tudo aquilo que me sustenta. Chão, quase onomatopeia do andar – que soa nasal, reverbera no corpo todo. É pessoal, passional e intransferível” – conta Lenine, explicando como surgiu a inspiração para o nome do disco e, consequentemente, da turnê.

SERVIÇO
Turnê Chão – com Lenine

Local: RFFSA (Crato)
Data: 8/11
Horário: 22 horas

sexta-feira, 2 de novembro de 2012



“A mim me interessa o povo, há três séculos capado e recapado, sangrando e ressangrando”. (J. Capistrano de Abreu).


Meu Caro J. Flávio Vieira
Como escritor lhe saúdo neste momento, assim o quis os meus pares desta casa.
Não se considerem desonra as minhas palavras direcionadas para afirmação da inexistência, até a pouco, de alguém, cuja escrita desse conta das dimensões da cultura, dos costumes e da história criados pelo nosso povo. Temos sim, um legado de muitos excelentes escritores, oriundos principalmente da fase áurea dos anos 50, quando a confluência das bases materiais e humanas da época criaram as condições para se pensar e fazer a literatura e a história regionais.
No entanto, o discurso histórico sobre nossas origens valeu-se dos documentos e monumentos produzidos sob a ótica eurocêntrica de viés evolucionista, e em nenhum momento alguma voz se atreveu a palmilhar a difícil senda de uma história a contrapelo. Se assim o fizesse, denunciaria os fundamentos da História marcadamente positivista e mistificadora das verdades do vencedor. Descobriria o quanto de ruínas trouxe a ideologia da aceleração do tempo histórico, embutidos na ânsia de “civilizar” povos distantes dos centros de poder. E como esse processo onde se alinhavam as ideias dominantes do Reino e da Religião engendrou um mundo desintegrado da voz, da vez, do tudo ou do nada do outro.
A Literatura em suas diferentes linguagens acompanhou de certa forma esta racionalização. Sobram apologias, loas e legitimação aos feitos do branco colonizador. Quando se procura de alguma forma enaltecer a positividade de nossos povos ancestrais, no caso, os índios, invoca-se uma condição nula para os primeiros donos daqueles tristes vales: a de guerreiros. Ora, quem fez a guerra não foram eles. Os nossos indígenas foram compelidos a ela. Em condições absurdamente desvantajosas partiram em defesa de sua sobrevivência. Sobrevivência que falou mais alto quando serviram a forças públicas ou privadas em defesa de interesses que não eram os seus. Nela, (na literatura) somo felizes, gentis, passeamos entre canaviais, nos compadreamos com nossos patrões, os grandes nos permitem a sombra... Este ideal de igualdade mascara a hierarquia que se implantou na nossa organização social, para dizer que as coisas estão todas em seus devidos lugares. Então, para que o enfrentamento no plano da crítica histórica e literária?
Louve-se de bom grado o discurso da Literatura de Cordel. De certa forma a Literatura de Cordel foge desse viés consensual quando exprime, à guisa de reportagem, o drama do sido confrontado na trama da utopia e da realidade. Aqui a narrativa põe para enxergar “o outro olho de Lampião” da História, metáfora para dizer que o que estava ofuscado na narrativa da História do vencedor, de repente aparece translúcido e falando, e dizendo, porque foi trazido para isto pela coragem do escritor que se desvencilhou das amarras ideológicas da História de mão única. Aqui aparece a festa, a alegria, a maldade e a bondade dos desejos humanos porque quebra o plano de uma história única e permite a inserção de outras histórias, onde se encontra a realização da utopia.
Nesse plano de circularidade plena dos personagens do sido ou do acontecido, ou seja, do outro reprimido pela História, acredito situar-se a escrita do homenageado, o escritor cratense J. Flávio Vieira. Essas observações, currente calamo, sobre a narrativa cordelista, no meu entender, estão presentes na obra de nosso escritor.
E mais: Ele entroniza na Arte Literária em nosso meio a outra forma de dizer o mesmo. Para tanto adota com muita sabedoria um instrumento da Arte Literária – a alegoria (*), justamente no sentido de “dizer o outro”. E assim o fazendo ilumina a História, confere brilho ao que era opaco, desencanta o que estava encantado,  introduz a alegria do outro, -  do outro que não conta, mas estaria ali ajudando na construção de Tebas, na construção  da Cidade de Deus, na construção de Aimará, de Matozinho, de  Craterdan;  o outro  de carne e osso, que fala, que age e que faz esta terra onde “há lugar para todos aqueles de boa vontade”, porque foi trazido para isto pela coragem do escritor que se desvencilhou das amarras ideológicas da História de mão única. 
Essa passagem de seu livro “O Mistério das treze portas no Castelo Encantado da Ponte Fantástica”, quando a serpente fala para um atônito Mateu, solitário de uma história que se realizou como utopia, é exemplar:
Mateusss, o que dá alma a um Reino não ssão os prédiosss, as roçasss, os pássarosss, os riosss. Nem o povo. Muitosss habitantesss não têm uma identidade própria e, como uma cabaça sssolta no rio, ssseguem, sssem parar, o curso das águasss. Um Reino, como uma pessoa, precisa de um essspírito. E quem preenche o essspírito de um Reino sssão figurasss encantadasss e especiaisss: poetasss, profetasss, beatosss. São elesss que guardam consigo o encantamento de um reino. Essesss são a chave de sssuas  alegrias e de sssua felicidade”... E conclui: “Encantadasss todasss  asss pessoasss mais importantesss Aimará ficou sssem sssuas fadasss e ssseus duendesss e, sem elesss, o Reino perdeu a cor, o aroma e o sabor”.
Eis a grande contribuição do autor para a reflexão da interface da Literatura e História: a flexibilização da narrativa para concretizar outras possibilidades do que poderia ter acontecido. Com isto, aparecem os outros, “todos os outros possíveis à História, tornando, ‘possíveis’ até mesmo os impossíveis da História”.
Finalizando, os escritos J. Flávio Vieira tem necessariamente um refinamento da visão antropológica sobre as coisas do mundo, naquilo que ela tem de mais includente – o servir para pensar. O que ele propõe e o que exprime através de seus personagens, para mim, expressa o sentimento de um escritor que não tem lados, mas que tem princípios.

                                                   Prof. e Historiador Zé  Nilton Figueiredo

(*) O conceito de Alegoria segundo Walter Benjamim