
Aos que virão!
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Hoje, no Cariri Encantado - Sonoridades!

sexta-feira, 25 de junho de 2010
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Pedra Noventa

Basta reparar bem para perceber que a doce irreverência cratense tem raízes fincadas num sem número de personagens míticos.Na sua maioria provieram das camadas mais baixas da população , mas apresentaram biografias tão interessantes que acabaram por serem alçados ao Olimpo. Sobrevivem aos políticos, aos afortunados e aos intelectuais que vêem invariavelmente seus nomes esmaecerem no máximo em três gerações. Imortalizam-se os mitos.Em cada esquina, em cada praça, eles são eternamente citados antes de se iniciar qualquer estória. Seus nomes são invocados numa espécie de oração profana, como se citassem referências científicas e bibliográficas que embasassem as narrativas e fofocas.O Crato tem um sem número deles : Capela, Antonio Cornim, Canena, Chico Soares, Melito, Josino, Ramiro para citar apenas alguns. Mantêm-se hoje próximo a Zeus mas bem vivos na mente e coração de todos os seus conterrâneos.Digo conterrâneos ,embora muitos sequer tenham nascidos aqui , mas terminaram sendo batizados pelas águas mornas do Rio Grangeiro.
Hoje vou lembrar de uma dessas personalidades. Um dos nossos maiores filósofos de rua. Chamava-se Joaquim Alves Correia e nasceu em 13/02/1913 em Assaré. Chegou em Crato ainda rapazinho e passou a morar no Seminário , nas proximidades da Igreja de São José. Casou por três vezes e povoou sua terra adotiva com 19 cratenses. Com este nome de Quinco certamente ninguém o reconheceria. Nosso mito imantou-se no espírito da cidade com o esdrúxulo nome de “NOVENTA” , justamente o número que carregava no boné de chapeado : a profissão que abraçou durante toda a vida.Figura atarracada e sanguínea mostrava-se muito delicado e paciente.Sua fineza de trato, no entanto, escondia um temperamento forte que soltava os cachorros com a mesma facilidade com que cultivava a educação. Falava com voz de barítono e de forma pausada e explicada como se mastigasse cada sílaba. Tinha fraseado fácil e destilava uma filosofia própria e bem humorada, juntando platéia rapidamente.Distinguia-se dos outros chapeados por uma característica inimaginável. Gostava de ler e aproveitava todas as revistas velhas que conseguia para manter-se atualizado. Esta peculiaridade lhe proporcionava galões próprios e não gostava de se misturar com os outros colegas que mal encetavam uma conversa mais séria. “Noventa” tinha uma carrocinha muito bem cuidada que usava na cidade para fazer pequenos carretos. À frente escrevera em letras bonitas, os seus rudes princípios de solidariedade : “ Uma mão lava a outra” . Os estudantes da cidade , cientes da resposta pronta e direta , perguntavam-no :
--- E as duas mãos, Noventa ?
A arremate não tardava :
--- Lava o rabo da mãe , meu filho !
Numa destes dias de sol de trincar azulejo, nosso chapeado empurrava sua carrocinha com uma cara emburrada, bem diferente daquela habitual que transportava. Um engraçadinho da cidade, interrogou-lhe sobre o que estava acontecendo. “Noventa” explicou que a cabeça rachava de enxaqueca. E tudo tendia para piora por conta do calor. O senhor então lhe lançou uma chacota :
--- Pois eu, Noventa, quando tou assim, é só ir para casa e fazer sexo com minha mulher que a dor passa num minuto.
O chapeado não perdoou :
--- É ... eu podia até passar na casa do senhor, mas não sei se sua mulherzinha tá lá agora....
“Noventa” tinha uma explicação plausível para tudo nesta vida. Sua concepção de saúde :
--- Quando vou ao banheiro sei logo se tou doente ou não. Tolete de gente sem morrinha quando cai na água da bacia da privada faz : “Tibummmmm” !
Gostava de pregar para platéia como se dirigisse a apóstolos. As pessoas não desviavam os olhos dele enquanto pregava. Extremamente diplomático, tratava todos os médicos delicadamente, antevia que mais cedo ou mais tarde iria precisar de consultas e internamentos. Satirizava-os assim com uma ironia fina e bem dosada :
--- Ô Bicho fino é doutor ! Doutor é bicho fino demais, meu senhor ! Você vai passando na rua com a patroa , se um cabrinha qualquer ao menos esticar os olhos pra ela , num brinque não : é tapa, é faca , é tiro ! Aí você leva a mulher pro doutor paga a consulta, ele mete os dedo nos “urinaro” dela, futuca pra cá, cutuca pra lá e a gente ainda agradece: Obrigado, doutor ! Ô Bicho fino é doutor, meu amigo ! Arrepare só : se a gente se mete em confusão ,larga a faca num sem vergonha qualquer, lá vem polícia, lá vem delegado, juiz. A gente é preso e pra sair é um trabalho danado. Já doutor mata, o povo enterra , num vem polícia, ninguém pergunta nem o que foi...Vixe que bicho fino é doutor !
“Noventa” subiu para o Olimpo em 18/02/1994. Seu espírito no entanto sobrevive em todos os bares, praças e ruas do Crato. Sua carrocinha já não cruza a cidade, mas a simples lembrança do nosso filósofo ambulante nos remete a uma época dourada da nossa vila. Se a mão do Crato deu-lhe guarida, a mão de Noventa povoou de mágicas e magias nossa mitologia, como ele previra : uma mão acabou lavando a outra !
Sebasto de Todos os Santos - por José do Vale Pinheiro Feitosa
Tinha uma relação íntima com a aguardente destilada ali mesma naquele engenho do Belmonte. A aguardente não embriagava Sebasto, ele era quem abria no seu corpo líquido as brechas da magia ultranatural. Pois sobrenatural já está contaminado pelo cinema de terror e ninguém iria me compreender direito. Era ultranatural, pois através da “piojota”, Sebasto ia além das encostas em que foi inventado. Adiantava-se às visões focais deste crônico glaucoma que acometeu a civilização do dinheiro e dos objetivos. Sebasto, tornava aquele destilado da cana num transporte aonde ia mais longe que todo mundo.
Muito mais que o intenso trânsito de burros entre a casa de farinha do Belmonte e as plantações de mandioca na planura da chapada. Pois era nas farinhadas, quando Sebasto montado em sua magia ultranatural, aproveitava a ajuntada de gente para fazer suas viagens mágicas, pelos mundos paralelos dos Cariris, dos africanos do Sahel, dos contos de fadas ibéricos que por si vinham dos gregos, romanos, germânicos e, por último, dos semitas. Mas naqueles idos dos anos 50 e 60 as visões ultranaturais de Sebasto eram de uma narrativa muito além do realismo fantástico. Eram um ultra-realismo fantástico.
Ninguém mais compreendia os bonecos que hoje dizem mamulengo, mas não me lembro de assim o povo os chamarem. Sebasto era um pouco do enredador Casemiro, tinha algo de príncipe e, também, da paixão da donzela. Jamais se viu outra platéia igual àquela. E parte mais viva da platéia não era a coletiva, era um só que parecia se multiplicar na sessão dos bonecos.
Sebasto era a expressão teológica mais pura do que de fato é o cristianismo. Especialmente o católico. Explico-me. Ou, melhor, explico o Sebasto. Todos sabemos que a base da religiosidade judaico-greco-romana é de origem da mesopotâmia: monoteísta. Se pegarmos a primeira perna, a judaica, é puramente monoteísta, com seus profetas a educar, por parábolas, as regras da unicidade. Os muçulmanos, pois é esta a natureza dos semitas, são iguais. Já o cristianismo, com o catolicismo em extremo, tem as demais pernas e delas importou o politeísmo. Eis o que são os santos.
Sebasto dizia que Deus era neutro. Tinha criado o mundo e deixou que ele rolasse por vontade própria. Nunca intervém para não modificar este movimento que ele mesmo deu por autonomia. Deus não protege, em especial, a ninguém. Isso seria tomar partido. Por isso é que os humanos têm que falar com os santos. Eles são os mensageiros entre a humanidade e Deus. Sebasto, como todo mundo católico e ortodoxo, reza para os santos. Só através deles podem conquistar alguns adjetivos atribuídos a Deus, que Sebasto dizia que não eram dele, Deus não pode ser adjetivado. Aqueles atributos de amor infinito, de piedade, de perdão, de tudo que é atitude e ação, não eram de Deus, mas dos santos.
Sebasto, acho, era mágico na sua visão de mundo, mas realista na visão dos humanos: afinal os santos só possuíam aqueles adjetivos porque nasceram mortais como todos nós.
terça-feira, 22 de junho de 2010
Cariri Encantado - Sonoridades! recebe LENINHA LINARD

A presença feminina na construção da musicalidade caririense é marcante quando se trata das manifestações folclóricas. Veja como exemplo, a Dona Margarida no Reisado, a Dona Isabel, companheira do Mestre Aldenir ou ainda alegria contagiante da Mestra Zulene Galdino com os seus ensinamentos junto às crianças da Vila Novo Horizonte, para citar algumas.
Quando se trata de uma música mais urbana e moderna, entretanto, são poucos os trabalhos de expressão. Exceção que seja ao trabalho desenvolvido por Leninha Linard, uma herdeira legítima da família Linard que traz em seu DNA acordes tirados da sanfona do papai Hugo, desde os remotos tempos da Banda Asses do Ritmo sob o comando do Seu Irineu, seu avô.
Leninha Linard, que muito cedo apareceu com uma voz de timbre belo e afinado cantando nas festas dos melhores clubes caririenses, revelou-se também uma compositora de talento. Registrou no Cd “Brincando de Forrozar” algumas dessas composições que ouviremos ao longo do nosso programa.
ENCONTRO MARCADO
Programa Radiofônico Cariri Encantado – Sonoridades!
A partir das 14 horas pelas ondas sonoras da Radio Educadora do Cariri
Uma parceria Rádio Educadora do Cariri e CCBNB-Cariri
Produção: OCA e Revista Virtual CaririCult
Apresentação Luiz Carlos Salatiel
Para ouvir pela internet vá para o link:
http://cratinho.blogspot.com/
sexta-feira, 18 de junho de 2010
CARIRI ENCANTADO – Protagonistas!

quarta-feira, 16 de junho de 2010
PROJETO PROGRAMA RAPADURA CULTURARTE
HORÁRIO: 20:00h – LOCAL: Praça da Sé
CRATO – CARIRI – CEARÁ – BRASIL
PROGRAMAÇÃO
- Crônica : Eu sou do Crato – Autor: José Hamilton de Lima Barros
- Crônica : Eu Vi! – Autor: Jorge Carvalho
- Apresentação da Banda de Musica do Pe. Pio – Jucas-CE
Francisco Jorge Carvalho
Coordenador
Cariri Encantado - Sonoridades!

No programa Cariri Encantado- Sonoridades desta quarta-feira, dia 16 de junho, dividiremos com os ouvintes a audição do CD "Às Claras" do excelente cantor e compositor Bá Freire.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Cariri Encantado- SONORIDADES, recebe Abidoral Jamacaru

MENSAGEM POÉTICA DO POETA

domingo, 6 de junho de 2010
Vive la Différence!

A quem possa interessar.
sábado, 5 de junho de 2010
Visitando Karimai

sexta-feira, 4 de junho de 2010
Luiz Karimai nos recebe com muita alegria!

Luiz Karimai é nascido em Lavínia (SP). Nos anos 70, em viagem pelo Nordeste brasileiro passou pelo Juazeiro em busca de dados, fatos, fotos e depoimentos para uma pesquisa que fundamentaria um estudo sociológico para o curso que frequentava na USP-SP. Aí se encantou ao conhecer Penha, uma descendente de índios Kariris. Com Penha, Luiz Karimai teve filhos que já tiveram filhos, seus netos. Iniciou-se na arte do desenho ainda em São Paulo mas aqui no cariri é que sua arte ganhou o poder dos traços delicados em penas com nanquin, as cores em equilibrio do laranja, ocre e verde que predominam nos seus trabalhos e as paisagens caririzeiras. Muitos artistas se iniciaram no seu ateliê com as oficinas de arte que ministrava. Luiz Karimai é o mais reconhecido e admirado artista plástico da nossa geração. Seus trabalhos já ganharam o mundo em exposições individuais, coletivas e por aquisições de colecionadores. Luiz Karimai é uma espécie de missionário quando fala de terra,ser humano e transcêndência. É por esta razão que Luiz Karimai merceceu e recebeu o nosso diploma de Honra ao Mérito Artístico e Cultural’” na nossa “Celebração do Encantamento”, no último dia 29 de maio.
(a foto, que ilustra esta postagem, foi feita por Reginaldo Farias quando da nossa visita (Salatiel, Zé Flávio, Carlos Rafael) ao querido Luiz Karimai para a entrega do certificado do programa Cariri Encantado)
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Meio Ambiente também no Cariri Encantado-Protagonistas!

quarta-feira, 2 de junho de 2010
Rabecas e Rabequeiros no Cariri Encantado-Sonoridades!

Hoje, no nosso Cariri Encantado-Sonoridades, a gente vai se entreter com as rabecas e rabequeiros nordestinos.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Comentário sobre a Celebração do Encantamento*
Fantastique!!!!!!
Uma pena que eu não pudesse estar presente em Crato e me re-encantar com tanta gente linda.
Fica, porém, meu abraço, meu encantamento, meu carinho...
* Publicado no Cariricult
Comentários sobre a Celebração do Encantamento*
* Publicados no Blogue Cariricult
CRÔNICA DE OLIVAL HONOR

Comentários sobre a Celebração do Encantamento*
Comentário sobre a Celebração do Encantamento*
* Publicado neste blogue Cariri Encantado