Aos que virão!

Quer queiramos ou não, os mitos alimentam os nossos sonhos e justificam a nossa existência.
Este blog reverencia os mitos deste nosso Cariri Encantado.

domingo, 10 de outubro de 2010

Ethel não sabe bater. José do Vale Pinheiro Feitosa

Imaginemos uma cidade do Médio Paraíba no Rio de Janeiro. A nata da cidade se reúne com o orgulho das famílias pobres cujos filhos das escolas públicas municipais fazem parte de uma excelente Orquestra Sinfônica. Isaac Karabichvsky, o renomado maestro, tomou-se de amor pela orquestra e resolveu, ele mesmo, regê-la para uma apresentação da cidade.

O pessoal que saiu de casa com seus banquinhos para assistir sentado, teve de escondê-los. Era noite de gala e a prefeitura dispôs uma imensa platéia de cadeiras de plástico, coberta com panos brancos a dar valor ao público. E todos se reúnem. Numa das filas a família tradicional, entre elas um grupo de moças, solteiras, desquitadas, plenas ao amor livre. Mas Ethel pertencia a um subconjunto.

Com seus 63 anos, vistosa, mostrando um corpo admirável, charmosa mesmo, é um mistério inexplicável da natureza. Melhor dizendo: da natureza destes tempos. Ethel é virgem. Como? Não se sabe. Como tanto tempo bíblico após o paraíso, Ethel não tinha provado da maçã.

Eis que o Manuel, influente entre as mulheres, mas muito bom de gargalo e tabaco (o que fumaça faz). Chega ao grupo das mulheres com seu charme de encantador. Mas não as convence. A idéia geral é que o homem esteja mais para o verbo do que para o substantivo brocha que significa fecho ou prego de cabeça.

Ou seja, o Manuel está mais para aquela brocha de pintar, flexível e impenetrável instrumento. Eis que mal dar as costas, uma delas compreendendo a insustentabilidade das “cantadas” do homem diz: ele não agüenta nem bater uma p.....Não digo o resto por pudor.

Isso no vão do subtom, para que apenas as amigas ouvissem e rissem sem compartilhar com as mães e pais das famílias tradicionais que as rodeava. A nossa virgem Ethel quis saber do assunto. Uma amiga chega-lhe ao ouvido e repete: O Manuel não agüente nem bater uma p....

A Ethel rir alto e repete: NÃO AGUENTE NEM BATER UMA P....

Entre olhares constrangidos, os moços repetindo a frase num fulgor das luzes abertas, as amigas morrendo de rir e a Ethel achando graça da reação repete a frase mais uma vez. Mas aí a risada toma ares de gozação e a Ethel, é virgem, mas compreende o mundo e se vira para o sussurro da amiga para saber o que havia.

Pergunta o que é P....A amiga diz-lhe que se trata de coisas que ela nunca provou. Mas que acharia o máximo se provasse. Eis que a cesta de frutos proibidos esparramou-se na platéia sinfônica. Os acordes do primeiro movimento de toda a procriação. E excelsas da glória do profano prazer.

Ethel, compreensiva ao momento lembrou-se de compromissos inadiáveis. Naquele dia Isaac Karabichvsky e Orquestra Sinfônica teve uma vacância na platéia. Tudo por que a Ethel tinha achado a palavra P...engraçada e rira dela.

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